segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Associação para o sector

"A união faz a força" e por isso concordo plenamente com a ideia de se criar uma associação para todo o sector da animação.
Mas esta associação, no meu entender, já existe e tem condições únicas e privilegiadas de funcionamento: tem um espaço de trabalho próprio com cerca de 1.500 m², inluíndo biblioteca, arquivo, sala de projecção (35mm, 16mm e vídeo), 2 estúdios, espaço de exposições, bar, loja, sala de reuniões e secretariado. Tem duas funcionárias a tempo inteiro e uma terceira em meio tempo. Tem ainda cerca de 90 sócios (teóricos) dos quais mais de 50 votaram nas ultimas eleições, mas, mais importante ainda é que dispõe de um financiamento já garantido para o seu funcionamento para os próximos anos. 70.000€ dos quais são provenientes do ICA (o que corresponde ao apoio de uma curta por ano)
Como é fácil de perceber estas condições serão extremamente difíceis de se voltar a conseguir, sobretudo em épocas de crise como a que atravessamos.
Acho muito importante a existência de uma associação forte para o sector e por isso mesmo preocupa-me muito que essa associação tenha boas condições de funcionamento futuras. Não conheço em Portugal nenhuma associação ligada ao cinema que tenha melhores condições (infra-estruturas de funcionamento) do que as que podemos encontrar na Casa da Animação e não creio ser possível de as encontrar, neste momento de crise, em Portugal.
A Casa da Animação surgiu para aproveitar as sinergias e os financiamentos diponíveis na Porto2001 - Capital Europeia da Cultura, financiamentos estes que só estiveram disponíveis num momento preciso e não creio que sejam possíveis de se repetir tão cedo, nem mesmo em Guimarães, na próxima Capital Europeia da Cultura a ter lugar no nosso país.
Será certamente necessário proceder a alguns ajustes estatutários na actual Casa da Animação, para que a associação possa cumprir com as novas funções e especificidades, se quisermos albergar aqui as autonomias de representações sectoriais específicas, como as que foram levantadas nos encontros de Montemor: produtores, realizadores e técnicos aos quais eu gostaria de juntar os formadores. Mas como a Casa da Animação já de si é uma associação e as associações são sempre o que os seus sócios quiserem que sejam, basta para isso que se estudem os actuais estatutos, se identifiquem os artigos que necessitam ser modificados e se redija uma proposta de alteração. Estas alterações deverão posteriormente ser aprovadas em Assembleia Geral, mas como todas as associações são obrigadas a fazer anualmente e no início do ano, uma assembleia geral para aprovação do relatório e contas do exercício anterior e do programa de actividades e respectivo orçamento para o ano seguinte, bastará apenas incluir na ordem do dia desta Assembleia Geral ordinária a discussão e aprovação destas alterações estatutárias.
Penso também que se se vierem a introduzir nos estatutos a criação de secções com maior ou menor autonomia, teremos forçosamente de repensar a constituição dos novos órgãos directivos da Associação e teremos de, posteriormente, dar inicio a um novo processo eleitoral.
Na eventualidade (remota) da actual direcção deixar passar esta oportunidade de aprovar estas alterações estatutárias na próxima assembleia geral ordinária, a alternativa passa por recolher as assinaturas de, pelo menos, 20% dos sócios (cerca de 10) e pedir directamente ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral que convoque uma Assembleia Geral Extraordinária com este fim específico. Penso que não será difícil de encontrar estas assinaturas apenas junto dos participantes deste encontro de Montemor.
A mim parece-me muito mais fácil, rápido, barato, inteligente e eficaz adaptar a Associação Casa da Animação, abrindo-a a estas novas funções do que criar uma nova estrutura toda de raiz, que terá muito provavelmente grandes dificuldades em encontrar uma sede própria, uma infra-estrutura de funcionamento com um quadro de pessoal e financiamentos garantidos e (também importante) desaproveitando assim as enormes potencialidades que a Casa da Animação apresenta hoje.
Todos sabemos que a Casa da Animação tem os seus problemas e estamos todos conscientes de que são necessários mais recursos para optimizar o seu desempenho. Mas eu penso também que se a Casa da Animação conseguir adaptar-se a este novo desafio e conseguir motivar a grande maioria dos participantes do encontro de Montemor a se juntarem a nós, criando dentro do seu seio as infra-estruturas necessárias a uma melhor e mais forte representatividade do sector, isso só por si, já traria uma pequena ajuda financeira (as próprias quotas dos associados) bem como justificaria perante terceiros a importância de um reforço dos apoios financeiros. Se abrirmos a Casa à participação activa dos sócios, criando condições para que ele possam aqui encontram um espaço acolhedor de novos projectos e ideias, estaremos também a potencializar os recursos existentes mesmo sem recorrer a reforços financeiros. As dinâmicas e a força de vontade em participar num projecto verdadeiramente colectivo patentes no encontro de Montemor, dão-me confiança para apostar numa via mais participativa e interveniente dentro da associação.
Mais uma vez relembro "a união faz a força" e em sentido contrário "dividir para reinar". Se a opção que vier a ser tomada for no sentido de se criar uma nova estrutura associativa, eu penso que ambas as associações sairão a perder de todo este processo porque não só terão de dividir os seus sócios, perdendo influencia e dimensão, como se arriscam fortemente a ter de dividir também os seus financiamentos próprios, uma vez que as fontes de financiamento não são muito diversificadas e todos teremos de recorrer às mesmas e, perder-se-ia a oportunidade de responder à vontade expressa por muitos de se encontrar uma só associação para todo o sector.
Por tudo isto eu penso que seria um erro enorme deixar passar a oportunidade de alargar a base de influência da Casa da Animação, de diversificar as suas actividades e, no limite, de reforçar os seus financiamentos.
Mas o passo mais importante será o de encontrarmos exactamente qual será o modelo que pretendemos implementar, estudar a sua articulação interna e convidar todos os que estiveram presentes em Montemor a aderirem a esta nova Casa da Animação.
Por último, gostaria de fazer um apelo a todos no sentido de equacionarem também a adesão desta nova Associação (Casa da Animação?) à ASIFA - Associação Internacional do Filme de Animação - a única associação do sector a nível mundial, que conta com cerca de 5.000 membros individuais e cerca de 30 secções nacionais. A Casa da Animação tem todas as características para se tornar o representante Português na direcção internacional da ASIFA e conta com o interesse da parte da própria ASIFA em que isso possa vir a acontecer. De referir que já se estabeleceram os primeiros contactos directos entre ambas as associações neste sentido e, desde o início da própria Casa da Animação que existe uma colaboração, nomeadamente numa das principais actividades da Casa da Animação: a Festa Mundial da Animação (em finais de Outubro). Com a eventual adesão à ASIFA estaríamos ainda dar um caracter inequivocamente internacional à nossa associação. Para mais informações visitem o site www.asifa.net

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