terça-feira, 30 de março de 2010

QUESTIONÁRIOS SOBRE A FORMAÇÃO


Olá a todos,

Vimos por este meio enviar a todos os participantes nos Caminhos da Animação Portuguesa quatro questionários relativos à Formação de Argumentistas, Animadores, Produtores e Realizadores de Animação em Portugal.

Pedimos a todos que tirem alguns minutos do vosso tempo para responder a estes questionários. No caso de acumularem várias funções, queiram por favor responder aos vários questionários que vos dizem respeito.

O envio destes questionários está a ser feito de forma atempada devido à necessidade de respostas detalhadas. As respostas, bem como a identidade dos participantes no questionário são confidenciais.

A data limite de entrega é 25 de Abril de 2010, dia a partir do qual será elaborado um documento final pelo Grupo da Formação, a ser apresentado no próximo encontro dos Caminhos.

Os questionários deverão ser enviados para caminhosformacao@gmail.com em formato Word (.doc). Atenção: não colocar cedilha no endereço.




Obrigado a todos.
Grupo de trabalho Formação

2 comentários:

animanostra disse...

Os questionários enviados hoje pelo grupo de formação levantam-me algumas questões que considero ímportantes, tanto de ordem processual como de perspectiva. Assim, penso ser pertinente apresentá-las neste forum, remetendo-as não só ao grupo de trabalho como a todos os colaboradores desta discussão, que se quer aberta.
Em primeiro lugar, em termos processuais, fazer um levantamento das situações abordadas nos questinários sem estabelecer um critério que fundamente a credibilidade das respostas parece-me algo problemático e potenciador de falsos resultados. Quero com isto dizer que, com vista a um apuramento sério de quaisquer conclusões, há que estabelecer um parâmetro mínimo para a legitimidade das respostas ao questionário. Ou trocando em miúdos: em que medida, com que critério, se podem tomar como legítimas e credíveis as respostas? Que princípio se estabelece para que as respostas colocadas às questões dirigidas aos quatro grupos possam ser consideradas como representativas? O que define um produtor como tal? Ou um realizador? E um animador? E um argumentista? Será um trabalho profissional já efectuado dentro de cada área, por mínimo que seja? Ou um curso de formação específico a essa área? Ou fica ao critério subjectivo de cada um? Se for esta última opção, que fiabilidade poderão ter as conclusões alcançadas?
No que se refere às questões de perspectiva, são várias as questões que penso valer a pena reflectir. Começando pelos termos e verbos empregues que em meu entender podem criar mal entendidos logo à partida e viciar de imediato as respostas. Expressões como "Tem sido obrigado a fazer formação de estagiários de animação durante o decorrer do seu trabalho?" são no mínimo equivocas. De igual modo, parecem-me duvidosas alguns dos "a prioris" assumidos na formulação das perguntas, na medida em que parecem fazer tábua rasa de algumas evidências estruturantes da escala específica da actividade deste país. Partindo de um modelo do que deveriam ser os processos de trabalho, pretende-se uma análise do que têm sido os processos implementados, sem levar em conta a viabilidade estruturante (ou a falta dela) dos processos mais desejáveis. Disto são exemplo a referência recorrente aos directores de animação, ou aos produtores executivos, que como é bem sabido são figuras raras na animação portuguesa em virtude da sua escala. Não quer dizer que não façam falta. Quer dizer que enquanto a escala se mantiver, muito dificilmente se podem perspectivar em termos de estrutura, uma vez que as condicionantes actuais, regra geral, obrigam a que essas funções sejam acumuladas pelo realizador ou pelo produtor. Isto, já para não falar num devido esclarecimento do teor dessas funções, que em meu entender, em virtude da sua raridade factual, prestam-se a alguns equívocos.
Por fim, parecem-me omissos alguns destinatários dos questionários. Se é colocada a pergunta "Considera que existem no nosso país profissionais competentes ao nível da sonorização/sonoplastia em animação?", não há razão para que não haja um questionário dirigido aos técnicos de som. E também aos técnicos em geral. Pois, tal como a listagem das actividades relativas ao sector apresentada pelo grupo do associativismo demonstrou de forma incontestada, a abrangência da actividade é alargada.
Não pretendendo de forma alguma que esta intervenção seja mal entendida e possa ser tomada como uma desvirtuação ou desvalorização do trabalho desenvolvido pelo grupo de trabalho, espero que estas observações possam contribuir de alguma forma para um apuramento mais consistente das conclusões do "livro branco" a que todos nos propomos.

Unknown disse...

Caro Humberto,
li com interesse e sabendo-te com empenho genuíno no debate deste e de outros temas ligados a este sector, achei por bem entrar no debate e nas perguntas que sucitas, não na ideia de que o que aponto ser um contraditório ao que referes mas com a ideia de que juntos (e com outros) poderemos chegar a algum lado... Autismos nunca são uma boa solução, e a democracia sabemos ser uma prática em desuso e trabalhosa mas a que devemos honrar com a nossa acção.
1.
Pelo que observo esta necessidade de ‘formatação’ profissional vai de encontro com o estabelecimento de uma ‘ordem’ na qual se estabelece os limites e quem pode ou não ascender ao estatuto de realizador, ou considerar realizadores de primeira ou de segunda. Parece-me bastante miudinho, aliás, pois o que pupula prái (sem desprimor, que a versatilidade é algo necessário nos dias de hoje) são realizadores –productores, ou productores-realizadores, ou ilustradores-realizadores e realizadores-musicos.... enfim! Se formos ao realizador-executor: poderemos defenir como alguém designado para dar forma cinematográfica a uma ideia ou guião, seja ele uma série, uma ficção ... ou outra forma de encomenda fílmica que parta, por exemplo, do productor. Já na questão do Realizador autor, é alguém com um percurso fílmico que estabelece constantes de estilo, quer a nível estilístico, narrativo ou temático (definição próxima de Bazin).
Não é de todo incompatível na realização destes questionários a presença mais ou menos merecida dos realizadores desde que refiram as suas questões enquanto realizadores.... se essa separação seja difícil de ocorrer, talvez caiba aos mesmos reflectir sobre para que prato pende mais a balança. Para os casos simbióticos..... o melhor mesmo é preencherem os diversos questionários para não entrarem em esquizofrenia....
2. Relativamente às ‘expressões’ utilizadas, deviam ser mais inócuas, ainda mais objectivas, para não condicionar a resposta. Embora, e uma vez que isto se trata de questionários para pessoas que estão envolvidas no meio, a questão da formação de estagiários ser importante ser colocada .... ... Se a tua experiência é outra, então a tua resposta reflectirá isso mesmo. Não há condicionamento nas respostas através das perguntas.... eu não me senti nada coagida a isso..... Até porque não são perguntas de sim ou não e podes justificar a tua resposta.
3. É exactamente na necessidade de enquadramento da produção de filmes ‘na nossa escala’ que faz importante as diferentes experiências que temos. Cabe no entanto compreender processos e modos de produção em que a existência dessas funções pode ser implementada, se houver corpo de trabalho suficiente para isso. Concordo que devemos ter em consideração a nossa escala.... mas (e aí mais no teu departamento) a criação de séries por exemplo, lucraria com a existência de produtores executivos (exclusivos).

4. Concordo na necessidade de enquadrar os restantes profissionais técnicos nos respectivos questionários , pois aqui as lacunas de formação (e outras) podem mais facilmente ser identificáveis tentando estabelecer parâmetros para um melhor desempenho. Sei também da querela entre ‘técnicos’ e Artistas, parece-me bastante ‘parola’ perdoarás a expressão.... executar um trabalho é uma coisa cria-lo é outra, não quer dizer que os ‘artistas’ não executem (rebaixando-se à condições de técnicos) ou que os técnicos não criem (somos todos criadores....). Sem cair num pendor iminentemente poético e sendo mais pragmática..’.uma coisa é uma coisa , outra coisa é outra coisa’, não havendo aqui valorações qualitativas sobre o trabalho desempenhado.

5. Assim e terminando, sem estar a fazer a apologia, obviamente considerando que as perguntas, podiam e deviam ser ainda mais objectivas.... as perguntas são estas e era bom que as respondêssemos para que possamos ‘mais’ objectivamente e concretamente apresentarmo-nos enquanto actividade cultural.